O fingerboard mudou a vida da Valentina e a Vals mudou a cena do fingerboard

Publicado em 25/05/2022

Por Filipe Maia

A cena do fingerboard no Brasil pode não ser tão grande quanto a de skate, mas isso não tira o brilho de quem faz acontecer nela, muito pelo contrário, dá mais valor ainda pra quem quer viver da parada. Uma dessas pessoas é a Valentina Correa, dona da Vals Fingershop, que vem atuando e impactando no mercado de finger há alguns anos. 

Ela é de Porto Alegre, tem 25 anos e já fez um corre bem da hora até chegar aqui: já teve pro model pela Frame Decks, pela Place Skateshop, já foi do time da laipelt e hoje é do time da Loompa. Isso sem falar nas 9x que seus setups foram escolhidos como Setup of the Week pela fingercan e no prêmio de fotografia que levou pela FBS.   

Uma mina que domina o mercado de fingerboard no Brasil. É assim que a gente conheceu a Valentina e é assim que a gente vai continuar conhecendo depois desse papo. Se liga: 


O que ou quem veio primeiro na sua vida, o fingerboard ou o skate?
O skate. Eu andei de skate dos meus 7 aos 12 anos. Em paralelo, eu jogava futebol e me lesionei feio. Tive que fazer dois anos de fisioterapia, foi uma lesão no adutor esquerdo e minha musculatura ficou destruída. Acabei tendo que me afastar de todas as coisas de esporte que fazia, além do futebol tinha o skate, eu nadava, jogava tênis… Sempre fui muito envolvida em atividades esportivas.

Com a lesão, acabei ganhando peso porque estava parada e aí não voltei pro skate. Até porque, quando eu andava, eu sabia o que tinha que fazer, chutar a manobra, mas eu tinha medo de me machucar. Aí isso travou mais ainda minha evolução no skate e isso foi um dos motivos para eu parar de andar.

Mas sempre gostei do skate e da cultura do skate. Eu ia todo fim de semana no IAPI e não queria perder essa parte do lifestyle. Eu não queria perder esse pertencimento, essa sensação de quando a gente está envolvida com alguma tribo.

Eu ainda estava na escola, logo depois da lesão, devia ter uns 12 anos, por aí, quando tive o primeiro contato com um fingerboard. Eu já conhecia tech deck, mas era só uma brincadeira, mesmo. Quando um colega de escola entrou na sala com um de madeira eu já vi que estava bem diferente, era outra coisa! Acho que ele tinha comprado em algum lugar diferente, era uma marca brasileira, da Naipe, que fazia shapes de skate. Ele tinha uns três sobrando e pedi pra ele me vender e ele vendeu!

Uma coisa foi levando a outra, fui conhecendo lojas de finger, porque eu peguei gosto muito rápido pela parada. Era uma forma de estar presente no skate de alguma forma, com os dedos, que é um simulador maravilhoso, tudo o que consegue fazer com os pés, faz com os dedos e você não se machuca, o que é ótimo também.

Eu fui entrar na cena mesmo de fingerboard em 2015, quando conheci a Place Skateshop, aqui em Porto Alegre. Aí abriu minha mente, tinha peça gringa, peças nacionais de altíssima qualidade e foi ali que comprei o primeiro finger profissional com P maiúsculo. Era uma nave!

Comecei a frequentar mais a loja, trocar ideia com o Bruno, dono da loja, com o Wesley, que ainda trabalha lá, e fui conhecendo uma cena muito forte.

Você já corria campeonatos nessa época?
Não, foi ali que comecei a conhecer as coisas, eu nem sabia que existia. Descobri os eventos e corri apenas dois, mas fui em todos os eventos da Chazan, era o maior de Porto Alegre, fora os meetings e best tricks. Nunca fui de correr campeonatos na real, eu ficava nervosa, era uma coisa bem comum e que atrapalha bastante, já que é um esporte de motricidade fina, então qualquer nervosismo te atrapalha!

Me disseram que você era papa-campeonatos. Isso procede?
Eu ganhei bastante best trick, na verdade, que são eventos mais singulares, não precisava fazer linha. O campeonato anual do Chazan era de linha, era outra proposta, mas nas best tricks eu comecei a ganhar aqui e ali e foi indo, perdendo o nervosismo e ficando mais confiante.

Nunca fui a maior vencedora de todas (risos), mas perdi mais do que ganhei! Sua fonte não está maluca, eu ganhei alguns, sim. Mas sempre digo que a melhor parte desses eventos é estar num lugar com pessoas que gostam da mesma coisa que você. O finger tem crescido muito nos últimos anos, mas é uma coisa muito específica, então é muito bacana ter um dia cercado de pessoas que tem a mesma paixão com você, estar compartilhando momentos. Isso só rola em evento presencial, é difícil desenvolver isso de outras formas!

Valentina Correa / Foto: Pyetra Salles

Como foi essa transição de ser uma pessoa que anda de skate de dedo para ter uma marca?
Esse é um salto muito grande de tempo, tenho que falar de algumas outras coisas antes.

Beleza, vamos voltar no tempo um pouco!
Quando comecei a frequentar a Place, comecei a consumir finger de verdade. Eu só montava nave, tudo perfeito, sempre gostei muito de combinar, deixar visível e esteticamente perfeito, com a roda combinando com o gráfico, com o truck etc.

Eu não tinha instagram nessa época, não estava nas redes. Foi o pessoal da Place que dizia para eu criar um instagram para postar os fingers. Eu nunca tive muita confiança nisso, mas depois de muito me incentivarem e motivarem, criei o insta e foi muito rápido que começou a ter curtidas e comentários, a coisa foi crescendo bastante.

Tem um cara, que se não me engano é da Suíça, que é referência de setups no mundo fingerboard, o Lionel, chegou no meu perfil e curtiu, repostou, o que deu uma ajuda no início  e com isso foi aumentando. Existia um concurso organizado pela fingercan semanalmente  mas o organizador  decidiu se ausentar um pouco, ele ficou longos anos fazendo isso, que era o setup da semana, , que é como se fosse uma vitrine de fingers ao redor do mundo. Toda semana eles escolhiam através da #fingercan o setup mais bonito do mundo e esse cara ganhava quase toda hora! 

Eu consegui ganhar 9x, o que é muito louco! 9 vezes sendo escolhido o setup mais bonito do mundo! Tendo tantas naves no mundo, a minha 9x ser escolhida foi surreal. 

Eu já fazia isso no insta, nada comercial. Tinha um pessoal que gostava porque era difícil ter esse tipo de peça no Brasil, era bem caro, então quem tinha e quem não tinha gostavam de ver esse conteúdo

Sim, foi assim inclusive que te conheci!
Pois é, criei o meu Instagram pessoal de Fingerboard @valfb_ em 2016 era um jeito de mostrar as peças que eu tinha e os setups que eu montava, sempre me dediquei muito na hora de fotografar eles era uma das partes que eu mais gostava! Mas depois disso teve um hiato do fingerboard na minha vida, comecei a fazer faculdade, não tinha muito tempo nem vontade de andar de finger, estava sempre cansada. Fiquei quase 2 anos longe do fingerboard, eu não estava muito feliz, não estava fazendo uma faculdade que estava gostando, sabe? Venho de uma família quadrada, que acha que tem que ir pra escola, pra faculdade, ter que trabalhar… As coisas mais tradicionais. Eu não curtia tanto a facul que eu fazia, ia por obrigação e não estava nada feliz.

Em paralelo à faculdade, estava tentando criar uma marca de roupas, que não era a Vals, era VMCH Clothing o nome: visionary, modern, classic, hype, o significado. O fingerboard tem um mercado pequeno, mas o de roupa é gigantesco, né? Era difícil começar do nada. Tinha feito camisetas e não estava conseguindo vender e não sabia o que fazer…

Aí pensei nas coisas de fingerboard que tinha em casa, foram anos comprando e colecionando e são peças muito boas e de alto valor. Eu já era conhecida no instagram, a galera não ia achar que era golpe, eu tinha respeito e credibilidade, e pensei em começar a vender as peças. Botei 10 itens e em 30 minutos não tinha mais nada! Em um mês e meio, vendi quase tudo que queria e entrou um dinheiro bem significativo, que era pra investir na marca de roupas. Mas tive um insight que aquilo deu muito certo, falando de business mesmo. Pensei “por que não tento aqui, nessa coisa que me acompanha metade da vida?”.

Eu tinha um network como cliente com muitas marcas, até mesmo da gringa, pensei em tentar ir pra cima desse negócio. Isso era 2020, quando comecei a vender de fato as peças. Foi tudo muito rápido e resolvi criar um insta só pra isso. Eram as peças que eu tinha, não era minha marca ainda, peças que tinha há uns anos.

Isso tomou uma dimensão que eu nem estava esperando! Aí criei o primeiro @ e criei a loja. Uma hora acabaram as peças que eu tinha, poderia ter parado ali, seguido a vida, mas eu estava muito feliz! Ficava horas trabalhando, mas não sentia isso, era muito prazeroso. A loja teve vários nomes antes de ser Vals porque não foi planejado, simplesmente aconteceu a coisa. Já foi VFBS, já foi Val FB Store, um monte de coisa, até chegar em Vals Fingershop, que é o que é até hoje e não vou mudar mais.

A loja em si começou em 2020, não me lembro exatamente que dia, lembro de ser no começo do ano, fevereiro pra março, mas não lembro o dia.

Nesse começo você já tinha contato de uma galera, né? Foi mais fácil pra fazer os pedidos?
Sim, porque eu era uma cliente muito boa (risos). Eu comprava bastante no Brasil e fora também, conhecia o pessoal como cliente, então virando de marca para a marca, ficou mais tranquilo!

Depois disso, tinha que achar alguém pra começar a fazer os shapes, começar a dar passos de marca, porque as peças que eu tinha estavam acabando. Queria fazer os decks, importar trucks, rodinhas… E aí? Então comecei tudo de novo.

A marca que abriu as portas no início para fazer os shapes da Vals foi a Inove, eles foram a primeira que eu consegui fazer uma parceria de produção , algo que eu tenho imbutido na marca hoje em dia, trabalhamos com outras marcas sem ser eles, como a WOW, Bangin,low-Fi, Emerald e Ahoy. Essas parcerias são uma forma de eu conseguir colocar a identidade da Vals nos produtos através dos gráficos, embalagem e experiência de compra. Todos os shapes da Vals tem um certificado de autenticidade e é dito que marca faz os shapes, é bom para todo mundo.

A gama de produtos da Vals começou com shape, foi a primeira coisa que começou a ser feita. Importamos rodas e trucks da China no começo, que era a coisa mais comum para fazer. Depois fiz pedidos internacionais, estávamos na Espanha, já tinha collab com marca gringa, tudo muito rápido!

Em 2020 era tudo no instagram, mas no ano seguinte o site foi para o ar e ficou muito tudo mais fácil, o site ajuda e vende sozinho! No insta, você só vende se fala com a pessoa, é tipo ter uma loja física, então isso me poupou muito tempo, porque tudo eu fazia sozinha, desde o post até a venda, responder e-mail e tudo mais.

Tem mais alguém te ajudando na Vals Fingershop?
Na real, é tudo concentrado em mim. Fui encontrando designers por meio do fingerboard que começaram fazer artes para a Vals e isso foi ótimo, mas tudo eu aprovava ou não, sempre as coisas passaram por mim. É muito tempo, a cabeça cansa muito nesse processo!

Hoje no espaço físico o Arthur que é atleta da vals tem me ajudado bastante em algumas demandas e projetos e o Wesley, também atleta da marca é o nosso team Manager.

Além disso, você hoje tem um time, né?
Sim! Tem time, tem site… O site foi pro ar em 2021, vai ter um espaço físico que vai ter lançamento, inauguração… Vai ser uma loja num prédio comercial, um projeto diferente, mais organizado do que uma loja na rua. A ideia desse espaço não é só ser uma fingershop, quero que a pessoa entre e tenha uma experiência fora da casa. Quero que ela entre e fique de boca aberta, não sabendo pra onde olhar, pensando que ali é o paraíso do finger. Tem muito da experiência, que é algo que sempre quis entregar.

O time tem 7 pessoas,  contando comigo . JEm Porto Alegre tem eu, o Wesley, o Arthur , o Paulo  e o Raphael de São Paulo, o Vitor  de Novo Hamburgo e o Marcelo de Iturevava no estado de São Paulo.

Valentina Correa / Foto: Pyetra Salles

Você tem um time que extrapola o seu município, mas como é a cena hoje do fingerboard do Brasil?
O sul sempre foi muito forte, sempre tiveram grandes eventos aqui. Durante muitos anos teve o KOF, na Hi-Adventure. Era um evento de dois dias, outra vivência, era muito incrível! Em Curitiba tem o WOW’s battle feito pela WOW. Sempre também teve o do Chazan anualmente em Porto Alegre, este prestigiei todas as edições desde que entrei na cena.

Em São Paulo a cena está forte, nesse ano teve o Game of Curb 3,organizado pela Holidays e estava lotado! Mais de 100 pessoas num evento de fingerboard é uma parada muito doida. A cena está muito viva. Já teve momentos em que não estava tão aquecida, mas hoje está pegando fogo.

Você acha que a Vals tem um peso nesse aquecimento da cena? Vendo de fora eu vejo que tem, sim.
A Vals surgiu em um momento em que tinha pouca gente motivada,, a coisa estava mais fria, em 2019. Até pela situação econômica mesmo, era tudo muito caro, estava difícil trabalhar com finger, a moeda estava um absurdo para importar. Dava uma desanimada mesmo. Foram tempos difíceis em qiue uma marca muito querida no Fingerboard nacional fechou as portas, a OK.

Aí criei uma loja/marca com várias peças gringas usadas que na época, 2019 estava muito difícil encontrar no Brasil, modéstia a parte, deu uma mexida na parada. Mas espero que de alguma forma eu ainda esteja fazendo a diferença, é o objetivo. É um negócio que amo, que escolhi pra ser meu trabalho e que levo muito a sério. A principal coisa é que amo! Eu não ia estar fazendo se não gostasse realmente e se, de alguma forma, inspire e alimente a vontade das pessoas estarem andando de finger, é o que vale a pena, é o que importa.

Massa. Vamos falar de outra coisa que acho interessante. Você é uma mulher em um ambiente majoritariamente masculino. Como é isso pra você? Existe algum tipo de assédio, machismo ou preconceito?
Eu nunca sofri, na real. Sempre fui muito bem tratada em todos os lugares que fui, por todas as pessoas. Muito pelo contrário, sempre me abraçavam e tentavam não me deixar deslocada, porque como tu disse, a maioria é sempre homem mas eles sempre me incluíam em tudo.  Sempre foi muito tranquilo, sempre me senti à vontade, até mesmo porque não existia nenhuma hostilidade e nem diferença no tratamento. Foi tudo muito tranquilo, eu falo por mim e apenas por mim, talvez exista alguma mulher que tenha vivido alguma experiência ruim mas eu nunca sofri nada!

Eu jogo videogame desde que me conheço por gente por exemplo e é um ambiente majoritariamente masculino, assim como o futebol, então já tinha canxa de estar em lugares predominados por homem. Faz parte da minha vida desde sempre.

Quando você vai nos eventos tem outras minas? Tem a separação de campeonatos masculinos e femininos?Às vezes não tem outras minas. Não tem muitas praticantes de finger no Brasil e seria legal e importante mudar isso, tentar fazer com que as gurias se envolvam mais, porque é muito style andar de finger, tu faz em casa, onde quiser. O finger é terapêutico!

Já recebi mensagens de pessoas que usaram o finger para sair de épocas ruins da vida, é muito incrível. Mas falando em gênero, não tem muito essa coisa de campeonato masculino e feminino até pela falta de praticantes. Já teve no King of Fingerboard a categoria feminina, mas eram 3 ou 4 meninas, não passa muito disso infelizmente!

Eu não vejo um porquê ter essa separação, porque na minha cabeça eu sou tão capaz quanto qualquer homem, posso competir com qualquer um deles. Não faz muito sentido ser separado.

Para dar as manobras de finger o praticante tem que manjar das manobras de skate na teoria? Tipo fakie, nollie, essas coisas. Ver vídeos de skate ou acompanhar o skate faz parte do dia a dia da pessoa do finger?Depende, tem muita gente que anda de finger que não tem nenhuma relação com skate. Acontece o caminho inverso às vezes, a pessoa conhece o skate e vai pro fingerboard. É mais comum a pessoa consumir conteúdos de finger, mesmo. 

É muito individual na verdade. Eu olho os dois, olho mais o finger que o skate, mas sigo várias contas de skate.

Você já viu alguma manobra de skate e pensou em dar no finger?
Sim, é um pensamento natural, de ver e querer reproduzir! Mas entendo mais de finger do que de skate, porque vivi mais isso na vida. Mas o básico, as bases, os giros, eu sei. Em questão de acompanhar, acompanho mais o finger.

Vejo que algumas tendências do skate, os fingers tentam acompanhar, tipo shaped boards e rails. Você fica de olho nisso também pra sacar as tendências?
Olha essa de tendência: quando eu andava em 2016, era muito normal o shape ter 32, 33mm de largura. Desde lá eu já queria quebrar isso, ficava procurando por marcas que fizessem outros tamanhos! Uma vez eu consegui um shape 34mm e vi que era mais da hora. Quando nem usavam esse tamanho, já era meu favorito  e hoje já se tornou o novo “padrão” de tamanho . É uma evolução, hoje já tem maior que 34mm, até 36mm. O Tech Deck era 27mm pra você ter noção!

As modas vêm e vão, mas a gente tenta acompanhar o máximo disso. A gente faz muita enquete no insta da Vals para entender o que o pessoal está querendo. Em 2016 era uma febre usar e ter deck gringo dentro da minha bolha, tive diversos, mas cheguei à conclusão que não precisava gastar com isso porque o Brasil faz decks extraordinários.

Hoje a galera não vai querer majoritariamente o gringo. Claro que tem aquela parada dos sonhos, mas deck, por exemplo, é uma coisa que estamos muito bem servidos. A roda de uretano é a roda do momento, daqui a pouco é a de plástico a mais desejada… Coisas que vêm e vão.

Vejo que tem uma fixação pela estética da peça gasta.
Eu adoro ver! Inclusive peço pras pessoas que usaram bastante para gente fazer um negócio, porque quando está usada já viveu, tem uma história, já teve muita manobra. Tem gente que quer um novo quando está gasto, mas gosto muito de ver os trucks usados, os tail comidos!

Mas isso da tendência tem que estar sempre ligada para não dormir no ponto. Essa parada de ter decks de 34mm pra cima é uma coisa que veio pra ficar. Em questão de roda é um momento interessante, porque tem a Bangin, marca do Brasil, que está com um projeto de fazer rodas do zero, roda brasileira de verdade. Tem movimentação pra fazer mais coisa do que só o shape no Brasil.

Acredito que daqui a poucos anos a gente já tenha mais produtos nacionais que vão chegar no mercado gringo e isso é maravilhoso.

Tem uma previsão do que vai bombar?
As tapes (“lixas” do skate de dedo). Tapes com desenho, gravadas com laser, é bem “gringo”, poucas marcas tem isso no mundo! A Vals sempre tem uma linha dessas com desenho rolando no site. 

Na Vals a gente manda uma lixa  junto da tape, o que não é sempre que rola em outras marcas por exemplo. São pequenas coisas que já ajudam bastante. 

Qual o próximo papo da sua marca?
O futuro é bem louco! Poder ter um funcionário é uma parada que está rolando no espaço físico, o Artur, está me ajudando e essa ajuda está me aliviando em vários departamentos . Gerar empregos e conseguir impactar na vida das pessoas é maravilhoso, melhor coisa que poderia acontecer, sabe?

A Vals é meu sonho, isso não é uma brincadeira, isso não pode dar errado, eu dependo disso, minha mãe também, então me cobro bastante e isso vai dar certo! Já deu certo.

O espaço físico é o maior passo que já dei até então. As coisas estão planejadas para uma expansão muito legal de marca. Começou com finger, nunca vai parar de ter isso, mas quero entrar em outras áreas, como um projeto de skate, já tem shape e vai ter um lançamento próprio pra isso.

Planejo ter um projeto pesado em clothing, com site e instagram só pra isso. As coisas aconteceram muito rápido no início, mas agora com mais ciência das coisas, com planejamento, as coisas começam a fluir de forma mais organizada

Estou trazendo de volta coisas que  que sempre amei, tipo o skate e fazer roupas. Até o ramo musical vou me aventurar, tendo artistas trabalhando com música vinculados à Vals. Projetos sociais também, oficinas, levar pra mais gente o fingerboard.

O slogan da Vals é CHANGE THE GAME e tem um motivo pra isso: vim pra mudar o jogo mesmo. Muitas coisas do que a Vals faz é diferente do que sempre foi feito no finger, mexendo com zonas de conforto. Entrei com os dois pés e a intenção é explodir a bolha do fingerboard e levá-lo para todos lugares possíveis, quanto mais gente souber do finger é fantástico!

Quero viver disso e chegar num lugar onde eu possa  remunerar atletas, coisa que eu não sei se existe no mundo, que é ter um time e pagar o time. São ideias ambiciosas, pode não ser hoje nem amanhã, mas vai ser um dia com certeza.

Pra terminar: fala sobre o seu setup atual.
Estou usando o meu promodel modelo vals Modern 35×96 feito pela wow, trucks Blackriver “BRT” 34mm, Rodas Elastico e bushings South Soft. . Ah, a tape é FBS,   da qual a VALS é uma das únicas distribuidoras oficiais aqui no Brasil.

Valentina Correa / Foto: Pyetra Salles

Mais sobre a Vals Fingershop:


Distribuidor oficial
Joycult – únicos no Brasil / distribuídor oficial
South soft bushings – únicos no Brasil / distribuídor oficial
Level up bushings – únicos no Brasil / distribuidor oficial
FBS – um dos únicos no Brasil distribuidora oficial
Caramel – primeira marca a trazer pro Brasil foi a vals / primeira distribuidora oficial do Brasil foi a vals
Vortex – primeira marca a trazer pro Brasil foi a vals / primeira distribuidora oficial no país
Rolling fingers wheels – primeira marca a trazer pro Brasil foi a vals
Redemption wheels – primeira marca a trazer pro Brasil e ainda ser distribuidora oficial
Elastico wheels –  primeira marca a trazer pro Brasil e ainda ser distribuidora oficial 

Decks
Vals Classic – parceira com a inove
Vals Modern – parceria com a wow
Vals Blood – parceria com a Emerald
Vals control – parceria com a bangin
Vals lowside – parceria com a lowfi e lowside
Vals softcore – parceria com a ahoy